Pode ser frustrante, eu sei. E por diversos motivos:
– a vida tá difícil
– você não tá entendendo alguns sentimentos que estão aparecendo
– você realmente não sabe como solucionar um problema
– você não tem ideia do que quer
– você quer mais de uma coisa e elas se excluem
– você sabe o que quer, mas não sabe como conseguir o que quer
– você não se acha racional o suficiente em tomada de decisões
– você está cansado pra escolher
– você está perdido
– você é uma pessoa indecisa
E tantas outras razões que te levam a olhar pra uma psicóloga ou psicólogo e dizer: “O quê que eu faço?” Afinal, você tá pagando consultas semanais pra uma pessoa que estudou sobre sofrimentos existenciais, o labirinto da mente humana e leu muito pra entender como o ser humano funciona. E o que tenho pra te dizer começa neste último ponto: cada pessoa é diferente. Que clichê, Laís, que blá blá blá, como isso pode me ajudar? Te acalma e vamos juntos J
“Cada homem é, sob certos aspectos:
- como todo homem;
- como certos homens;
- como nenhum outro homem.” (Kluckhohn & Murray, 1948).
Obviamente que temos semelhanças com as outras pessoas, afinal, somos todos da raça humana e temos características que nos definem enquanto tal (“como todo homem”), mas até aqueles com quem compartilhamos inúmeras ideias, pensamentos ou ideologias (“como certos homens”) são diferentes de nós, pois cada um significa suas experiências de uma forma (“como nenhum outro homem”). Duas pessoas podem presenciar a mesma situação. Por exemplo: ver um acidente de carro enquanto esperam para atravessar a rua. O evento é o mesmo, mas o modo como cada uma vai se assustar (ou não) com o acidente e, mais importante, o impacto que cada uma sofrerá com o ocorrido será diferente, mesmo que muito semelhantes. Isso acontece porque temos experiências, valores e julgamentos distintos das outras pessoas, pois nossa história é única, nossas vivências são únicas.
Falar para uma pessoa o que ela deve fazer é falar a partir do que eu considero bom ou ruim, do que eu desejo para a minha vida e do que eu julgo certo ou errado. A opção que eu escolher terá a ver com a minha história de vida e com a forma que eu dou sentido para o que ocorre no mundo. Mas se sou psicóloga devo me esforçar para me colocar no lugar do outro e, ao compreender como a pessoa que estou atendendo sente e pensa, posso dizer a ela o que fazer, correto? Não funciona assim.
As vezes estamos vivendo um momento delicado, frágil, estamos sofrendo. Nesses momentos é comum tudo ficar confuso, nublado e a impressão de que não sabemos nada sobre nós mesmos pode aparecer. Apesar disso, você sabe mais sobre você que eu. Meu papel como psicoterapeuta é te ajudar a entender o que tem nessa confusão. Dessa forma, o céu vai abrindo e é possível enxergar o que estava atrás do cenário nublado. Com essas ferramentas tomar uma decisão fica mais fácil.
Além disso tudo, é antiético impor ou insinuar uma decisão que não será vivida por mim. E se tudo isso ainda não te convenceu: eu não digo às pessoas que atendo o que elas devem fazer para trabalhar a autonomia de cada uma e responsabilidade pelas próprias decisões e escolhas.