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Psicólogo ou Psiquiatra?

Afinal, quais as diferenças entre Psicologia e Psiquiatria?

A principal delas é a formação acadêmica. Um psiquiatra precisa fazer uma faculdade de Medicina e uma residência em Psiquiatria. Residência é uma espécie de pós-graduação que funciona como um curso de especialização. Psiquiatria é o braço da Medicina que se dedica ao diagnóstico e tratamento das doenças mentais*, com o objetivo de diminuir (ou até eliminar) os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Um psicólogo deve se graduar numa faculdade de Psicologia: ciência que se debruça no estudo, compreensão e tratamento de processos mentais, comportamentais e na interação (ou integração) do ser humano com a sociedade, ambiente físico, cultural e espiritual.

O tratamento medicamentoso é outra diferença importante. Psicólogo não tem autorização legal para receitar remédio, psiquiatra sim. Há casos raros de psiquiatras que não prescrevem medicação e isso acontece quando eles percebem que não há causa orgânica ou neuroquímica para o problema da pessoas, as vezes é apenas uma dificuldade em algum momento da vida, por exemplo, que pode ser trabalhada de outra forma.

A frequência com que se visita cada um é relativa, mas geralmente as sessões com psicólogos acontecem semanalmente e com psiquiatras mensalmente, podendo mudar ao longo do tratamento para encontros bimestrais, trimestrais ou até semestrais.

Em relação ao sintoma é mais comum, na Psiquiatria, a busca pela eliminação dele. Veja, existem exceções importantes em que psiquiatras se aproximam da Psicologia nesse sentido, pois para os psicólogos “os sintomas, como tais, não são nossos inimigos, mas nossos amigos; onde há sintomas, há conflito, e conflito indica sempre que as forças da vida, que pugnam pela harmonização e pela felicidade, ainda lutam” – Aldous Huxley.

Mas se existem graduações diferentes e ênfases distintas, por que tanta confusão?

Primeiro porque um trabalho complementa o outro. Há coisas que a medicação dá conta e a Psicoterapia não, e vice-versa. Por exemplo: em casos de depressão o medicamento é importante para que a pessoa consiga realizar as atividades cotidianas (levantar, sair de casa, cozinhar, etc), já a Psicoterapia auxilia no entendimento das emoções e sensações relacionadas à depressão. Então, psicólogos e psiquiatras podem (e em alguns casos até devem) trabalhar juntos.

Segundo porque os psiquiatras também podem ser terapeutas. Isso quer dizer que, além da graduação em Medicina e residência em Psiquiatria, médicos psiquiatras podem fazer uma formação ou pós-graduação em alguma abordagem teórica da Psicologia (como Gestalt-terapia, Psicologia Fenomenológica-Existencial, Análise do Comportamento, Psicologia Corporal, etc) para se tornarem terapeutas, e aí eles mesmos podem conciliar no tratamento questões biológicas e psicológicas. Isso não é comum, por isso que nós da Psicologia ficamos bem felizes quando encontramos colegas psiquiatras interessados na nossa área do conhecimento.

Outra coisa que pode gerar essa confusão é que há psicólogos e psiquiatras que são psicanalistas. Resumidamente, a Psicanálise é um método de investigação do psiquismo e seu funcionamento, criada por Sigmund Freud. Isto é, a Psicanálise também é uma linha teórica dentro da Psicologia. O fato das palavras serem parecidas ajuda na confusão. Além disso, por também lidar com o sofrimento humano a Psicanálise está próxima tanto da Psicologia, quanto da Psiquiatria. Por isso é comum encontrarmos Psicólogos Psicanalistas e Psiquiatras Psicanalistas.

Entendendo um pouco sobre cada uma dessas duas profissões fica mais fácil entender que serviço procurar. Mas se dúvidas continuarem você me perguntar por aqui ou conversar com algum outro profissional das áreas.

*Há diversos outros termos que podemos utilizar e eles não existem à toa. Cada um deles tem um porquê, mas falarei sobre isso em outro texto.

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